Soldado da ROCAM de Natal comenta sobre acidente que sofreu, agradece a Deus e aos demais colegas

Gostaria de postar aqui neste espaço o relato do acidente sofrido pelo meu amigo de farda e também Rocaniano, Nizário, que reside e trabalha na cidade de Natal. Devido a uma forte chuva e areia espalhada no asfalto, o pneu da moto que era conduzida por Nizário derrapou causando um acidente que por pouco não acabou no pior.

No momento do acidente, o mesmo e os demais integrantes de sua guarnição estavam em deslocamento para atender a uma ocorrência, onde na ocasião, estava havendo uma troca de tiros. Confiram o relado de Nizário de como ocorreu o acidente.



MEU ACIDENTE DURANTE O SERVIÇO DE 29 DE OUTUBRO NA ZONA NORTE DE NATAL

Ontem por volta das 21h meus companheiros e eu fazíamos o patrulhamento na zona norte de Natal quando recebemos a ligação de um PM informando que estava havendo uma troca de tiros em Felipe Camarão.

Foi quando fomos convocados pelo oficial de serviço da Cia a irmos até lá. Então saímos de lá a VTR do oficial, meu trio e uma VTR Patamo do BPChoque nos apoiando.

Nós Rocanianos nunca negamos apoio a um campanha, mais não sei por que, não estava me sentindo bem pra ir nessa ocorrência, até mesmo porque não era diretamente com o policial. Mas como falei, nunca nos negamos a ir e fomos em deslocamento.

Estávamos reunidos próximo a agencia da Caixa Econômica da Av. Dr. João Medeiros Filho e logo saímos em direção a zona oeste.


Ao começar a descer a entrada do túnel do viaduto de igapó já próximo aos 90km/h resolvi baixar a viseira do capacete como se algo me pedisse isso.

Depois disso, poucos metros à frente ao entrar no túnel, sem motivo aparente o pneu traseiro da moto durante a curva deslizou e não tive mais como controlar o veículo. Fui ao cão a quase 100 km/h.

Meu corpo saiu deslizando por todo o túnel e como estava com o capacete fechado, fui vendo tudo que acontecia nesse percurso, só não havia como parar meu corpo. Nesses segundos que pareciam horas eu só tentava me manter no chão em uma única posição, acho eu, que com medo de sair dando rolamentos e com isso quebrar algum osso.

Só parei de deslizar já próximo a saída do túnel, um percurso total de aproximadamente 30 metros, segundo as testemunhas do ocorrido.

Eu via muita faísca de ferro raspando o chão, alguns vindos da motocicleta e outros da minha arma que encontrava-se na parte frontal do colete tático e como estava de bruços, acho que essa arma me ajudou muito a não me machucar mais. Alem da arma, os coletes, tático e balístico, e os demais equipamentos me protegeram de mais escoriação e talvez até de fraturas diversas.

Mesmo preocupado em como estaria meu corpo ali, eu só ouvia cantada de pneus vindos de outros veículos que se deslocavam na mesma direção que eu, entre eles, meu companheiro que estava como terceiro homem e a VTR Patamo do BPChoque que com muita habilidade e percepção conseguiu evitar de passar por cima de mim.

O terceiro rocaniano mesmo com muita agilidade não conseguiu o mesmo. A moto dele se chocou com meu corpo jogado ao chão e ele ficou sobre mim.

Assim que tudo parou de mexer comecei a sentir meu corpo e ainda deitado fui tentando ver o que havia quebrado, pois pela velocidade que víamos, mesmo que não tenha colidido com a parede, eu tinha certeza que havia fraturas em algum lugar. Mas pra minha surpresa, só o que doía e muito era meu braço esquerdo, mais precisamente a altura do cotovelo e também minha perna esquerda que além de doer, sentia ambos queimando muito. Ainda fiz uma queimadura de segundo grau no ante-braço ao tocar na pistola que estava no colete e que ainda estava como brasas.

Os Choquianos que vinham na retaguarda do comboio desceram rapidamente e foram ver como eu estava e ajudaram a tirar meu companheiro de cima de mim já que ele estava com sua perna presa a sua moto.

Mesmo com todo esse susto, até estava tudo aparentemente bem, até que então após diversas ligações para a SAMU, todos foram informados que os mesmo estavam em GREVE e que não havia nenhuma ambulância para mandar ao local. Foi quando eu que estava bem consciente lembrei aos campanhas que ligassem para o Corpo de Bombeiros e foi assim que fui socorrido ao Hospital Clóves Sarinho.

Enquanto aguardava o resgate senti muito frio, tanto que meu queixo batia e meu corpo tremia muito. Segundo o socorrísta que lá estava a me ajudar, minha temperatura tinha caído muito e possivelmente eu poderia está entrando em estado de choque, na mesma hora um cidadão que reside perto do local, conseguiu diversos lençóis para que me cobrissem e assim mantivesse minha temperatura o mais próximo do normal. Até surgiu o informe que eu poderia está morto, porque quem passava pelo local e avistava aquela imagem logo pensava o pior.

No local quem mais ajudou tecnicamente foi o popular com curso de socorrísta de nome Max, que até então nunca havia visto na vida e que ficou conosco até a chegada do Resgate.

Após vários exames no pronto socorro foi constatado que não havia fratura alguma em mim, só mesmo as raladuras no braço e perna esquerda e uma luxação no cotovelo esquerdo que é o que mais me perturba hoje.

Agradeço a todo instante a Deus por cada dor que estou sentindo, porque mais uma vez tive a prova real que ele existe e estava me conduzindo até o fim.

Agradeço também aos que ficaram ao meu lado o tempo todo do local do acidente até minha saída do hospital, aos que mandaram mensagens e que me ligaram todo tempo, mostrando que tenho amigos que se preocupam comigo e que me dão força nas horas mais necessitadas.

Gostei da atitude do Cb Jeoás de ter ido ao local ver o que realmente aconteceu e em seguida ao hospital ver meu estado de saúde, como a ligação da Dra. Kátia Nunes logo após minha chegada em casa.

Eu queria informar a todos espontaneamente que ao contrário do que falaram por aí, o acidente não proveniente das más condições da minha moto não. Essa fatalidade foi ocasionada devido a muita areia que havia no chão próximo a curva do túnel.

Mais uma vez quero deixar aqui meu agradecimento a nosso pai todo poderoso pelo livramento que tive e aos amigos que de algum forma se preocupou comigo e ainda me dá forças.

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